quinta-feira, dezembro 29, 2005

começa em ti ...


começa em ti, tudo o que se sente
como o aroma de mar sem fim
numa ausência que não é indiferente
no sol que vem de ti e se liga a mim

apoio-me taciturna nas palavras
num reunir obscuro de desejos
vacilando nua, em marés passadas
confusa, ávida de sabores e medos

desfaz-se o sonho começado em ti
transformo as razões, em riscos
nas mãos, desfaz-se o que senti
na voragem de leves sorrisos

começa em ti, tudo o que se sente
o aroma, o mar, a ausência do fim
memória mágica e dormente
da noite que corrói e vagueia em mim

e acaba em mim...

l.maltez

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Instantes


olhar
por um caminho único
os estragos amenos
da sede dos rostos,
da fome dos corpos
olhar o instante
que atravessa o crepúsculo,
passo a passo

os olhos jazem
sem peso ou espaço,
sem qualquer razão
nem vestígio de tempo,
só nostalgia
a vaguear em ondas

a vista diz um nome
perpassa a palavra viva,
entre silêncios densos,
e acaba por amarar
onde o desejo acorda
leve e cúmplice
como um suspiro

olhar... único, o meu
um norte
um anseio terminal
abarcar o teu!


l.maltez

neste instante que as horas se aproximam a passos largos deixo-vos o meu desejo de um Feliz Natal a todos
“Leio o teu nome
Na página da noite:
Menino Deus ...”
...
Miguel Torga

sexta-feira, dezembro 16, 2005

por isso te quero muito...



cruzei-me, nas palavras
da outra voz que fala
de promessas intensas,
cruzei-me, nos passos
dividida entre impulsos
de transparentes desejos,

nas noites corroídas
inventei-te,
em silêncio sôfrega de emoções,
e envolvi-te
em abraços separados
entre o fulgor do teu olhar

imaginei-te do nada,
entre vozes cantantes
de um inspirado rigor,
imaginei-te dentro delas
entre melodias de Chopin
longe da minha sombra

adormeci
e
descansei o meu corpo no teu


l.maltez

sábado, dezembro 10, 2005

caminho e espero por ti...



caminho!

caminho
e sem destino,
ao longe nada se avista
que busco neste passo lento?
lento, desastrado, mas decidido
onde o silêncio é medonho

caminho
é longo o percurso,
faz frio e o vento é violento
tudo se torna indefinido, confuso
que busco exausta entre penumbras?
procuro um silêncio remexido

cansada de tanto andar,
chego ao fim, para te ver
escuto, olho e em vão te procuro
em silêncio, quero teus passos reconhecer.
vejo-te ou serás uma sombra,
uma sombra que sinto esvaecer

que importa a dor que sinto,
deixa-me assim
chorar, devagarzinho
sofrer a incerteza que pressinto

estou junto a ti, sem o sentires
guardo para mim o lamentar
de não te ver chegar, meu amor


l maltez

domingo, dezembro 04, 2005

dias de espera




faz de conta que o tempo voou. estrangulou o dia, rasgando
caminhos confusos da cidade invisível. depois enrosca-te na
penumbra, afasta as sombras gravadas misteriosamente e entre
insónias de horas perdidas, esquece-me pouco a pouco. desfaz as
memórias e vai secando as ideias, encharcadas do perfume

debruça o olhar no presente, abre a janela e engole as luzes das
noites. saboreia cada sussurro oculto, nas horas que ouves na
grande solidão. adormece na inquietude das paredes brancas,
cheias de falsos sonhos, enquanto fugirei de mim silenciosamente.
desce de novo os teus olhos, ao fascínio ardente da água teimosa,
do mar que nos fez sentir vivos, numa prolongada espera.

é então tempo de caminhar, voar no esquecimento das emoções,
partir sem som.

l.maltez

segunda-feira, novembro 28, 2005

um passo em palavras



dá um passo
vem a mim
faz(-te) por mim
o pleno
da palavra
doce e terna
dá-me
o broto
límpido e feliz
da tua boca
como sempre fazes
para me encantar.

...só mais um passo
vem a mim
Já não sei temer
o teu achego.

... outro passo,
vem!
... tão só
como te é dado ser.
Já não temo
já não ouço
o uivar
dos meus medos.

sei que amo
esse passo
que dás para mim.


l.maltez

terça-feira, novembro 22, 2005

desenho com palavras o arco íris

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escrevo, nas folhas gastas da memória
amarelecidas, pela secagem
de um tempo
cansado

escrevo, com tinta fresca
para te sentir presente,
quando o sol
despontar

escrevo, no meu próprio sono
como se fosse voragem
sonhando nos teus braços
apressada

escrevo, nas estrelas
os teus olhos brilhantes
os espaços que damos em insónias
perigosas

escrevo, na chama cortada
por uma voz escutada,
entre os nossos olhares
cúmplices

escrevo,
perco-me em ti
e não trago mapa


l.maltez

quarta-feira, novembro 16, 2005

abraços de amor e mar

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por cá
junto a ti,
mas em mim
onde as ondas quebram
encontro, liberdade
sem mácula,
sem vício
por cá,
ainda que não brilhe o sol,
reluz o azul

mar intenso
embalas os meus sonhos
numa melodia,
entranha-se-me
o teu cheiro a maresia
e eu ondeio a ideia
de ser no teu colo
que eu renasço

surge a noite
sufoca-me na garganta o grito,
queria ter-te junto de mim.
a solidão atravessa-me
quero ouvir-te, manso
sentir o teu afago
atenuar a dor da separação

por fim,
adormeço neste abraço


l.maltez

sábado, novembro 12, 2005

nenhum espelho te substitui

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abri o dia ao teu lado
entras nos meus sonhos
e espero por ti nas palavras
que se perdem
num verso que nasce

chegas, enches de brilho
os espelhos da manhã nua
que de olhos húmidos te viu partir

a porta, ficou aberta
nada te impede de transpor o limiar
uma névoa quase te empurra
como se fosses uma palavra perdida
num sítio qualquer

abri o caminho ao teu lado
e em sombras
transportas desejos
de secos gemidos
misturados nos silêncios

é este o tempo que temos
o tempo dos sentimentos
de cada um de nós


l.maltez

terça-feira, novembro 08, 2005

ouve-me neste instante ...

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para ti


as horas perseguem-me
sem palavras ou imagens,

entorpecido na memória
sustento o peso da tua luz

o corpo incendeia-se-me
dolorosamente envelhecido
entre os nossos desencontros

habito a alvorada de um sonho
em que a tua voz desponta
e irrompe por mim suavemente;

a vida recomeça amena e doce
a tua imagem abarca-me
preenche vazios, alastra
num desejo feito saudade

e
então quero-te a preto e branco


l.maltez

quinta-feira, novembro 03, 2005

espero um lugar entre o ser e a tua sombra

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uni palavras numa rede de pesca
caíram recordações
envoltas em alvéolos

diluíram-se sentimentos
que enegreceram a areia prateada da praia deserta

caíram murmúrios misturados
em íntimos gemidos

vozes frias, empastadas
agarram-se violentas à manhã cinza

na casa perdida
a solidão tornou-se branca
nas brechas das paredes mal caiadas

os gritos entram pelas frinchas
das janelas ressequidas

ondas gastas de tanto bater
ecoaram longínquas no centro da cidade

espiei o sol entre cortinas
e escutei o ruído do mar agitado

fiquei imóvel pensando
em voz alta na vontade de partir

olhei o horizonte silenciosa terrivelmente
fria!


l.maltez

sexta-feira, outubro 28, 2005

o sol entra pela janela e repousa na tua face

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a casa, parece vazia
escuto o som do vento

estavas lá
vazio como a casa,

senti tua sombra
a, sombra que sobrevoava
entre labirintos da minha alma

bastam tuas mãos
cobertas de vida, para encher a casa

procuro veloz com o olhar
o brilho dos sentidos,

o encher os braços
de sonos adiados,
exaustos, atados à imensidão da noite

misteriosa linguagem
entre um pedaço de mim
e os risos forçados, sem tempo

perco-me entre a casa
e o destino

caminho, caminho sem máscara
recomeço onde a realidade parou,
sem tempo, longe da memória

sinto-te em casa de novo
cobre-te o sorriso no rosto


l.maltez

sábado, outubro 22, 2005

o caminho certo

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horas perfeitas chegaram na manhã azul
um olhar sereno, debruçado na velha janela
bebeu o chilrear dos caminhos.

portas fecharam-se aos dias passados
consumidas por palavras,

range a madeira, impregnada de cheiro
da velhice, cheiro decadente
onde o ânimo foi anulado
pela absurda melancolia

desilusões, entraram sem permissão
grávidas de dor
o ar fresco fez-se sentir,

era hora, dizia o relógio de luz carminada
hora de existir sem nada explicar


a porta abre-se, como um cenário
e a cidade espera impaciente
onde a vida não arrefece,


os espelhos das incertezas que esperem.



l. maltez

segunda-feira, outubro 17, 2005

reflexos de palavras

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reflectir letras, no romper do dia
leves,
frias,

enquanto a cidade acorda,
os lábios serrados
palpitam,
e
rolam palavras avermelhadas

no café homens de noites mal dormidas
sonham, cegamente.
evocam a tristeza
enlouquecidos num olhar
infinito

na rua o cheiro podre,
deixado nos espaços
dos que correm, na turva manhã

o lago reflectido
surpreende o terror do dia

e depois desta cidade mais outra e outra
em gestos sempre iguais,
onde só a terra remexe e se mistura de dores
dos que andam de esquina em esquina

dolorosa poluição que nos atravessa
entre nódoas de palavras vivas


l.maltez

segunda-feira, outubro 10, 2005

a exausta bicicleta

enrolo devagar a tarde imatura
toco com dedos insensíveis

sons cruzados no crepúsculo
onde olhos bebem
saudades de despedidas

o vento empurra um homem
de bicicleta amarela, enferrujada

imagem inquieta
insaciável, manchada de resíduos

lentamente avança,
no solo orvalhado

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deixa riscos determinados
que descem profundos, exaustos

silenciosa, atravesso
com o olhar místico

é imensa a mancha
pintada pela vôo violento das aves

então
secretamente recordo o homem
da bicicleta estilhaçada


l.maltez

domingo, outubro 02, 2005

intenso espaço das horas que espreitam

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cantam as paisagens
no filtrar do dia,
entre olhares rápidos do espelho,
de alguém com hipótese de trabalho

a mota contorna rotundas sobre rotundas,
no mundo da cidade inteligente,

o homem num aspecto incorrupto
acelera, sem recordar os limites

tudo parece ser igual dentro de cada um
a luz, , a sombra, o dia
onde se bebem sentimentos

tudo parece ser ali
após um dia, onde a bebida e os cigarros
fizeram parte da noite mal dormida
e sentimentos esfregados um a um

as horas prolongam-se
no pensamento viajante
onde a ressaca ainda é dor

já nada resta,
nem a paixão que lhe fez tocar um rosto


l.maltez

sexta-feira, setembro 23, 2005

numa corrida assombrada havia um homem que corria de porta em porta

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no bater das portas



entrei no lado azul da noite
em silêncio pesado

tropecei na verde porta
com palavras embrionárias

flui da obscuridade
sem nome de gente

empurrei o verão
esquecida, na inocência do tempo
do lado de lá, disseminei aromas
na magia dos ventos desabridos

rostos sedentos,
aterrados,
suspirantes no sossego
duma noite, sem paisagem
transpirada de azul

voraz passa incandescente
a idade louca de um tempo


l.maltez

sábado, setembro 17, 2005

caminho devagar para não arrefecer a vida

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acordar assim,
vazia

sem ouvir um desejo,
inventar olhares

enganar o tempo
na preguiça do levantar
tentar ganhá-lo como aliado,
e
almejar a ausência da noite
mal dormida.

não chegar ao lugar,
mas também quem quer chegar,
ao sítio avassalador
de lembranças?

os dedos movem-se
entre um mim e a memória

parem!
grito-llhes como se ouvissem,
que ainda não é hora

podem desfilar os anos
abrir e fechar os olhos.,
como se estes quisessem saltar do rosto
que lhes pertence

a ferida não sara
e o meu nome não é a melancolia
do abismo.

toquei-me e terrivelmente só
caminhei nas cores prodigiosas


l,maltez

segunda-feira, setembro 05, 2005

sentado com os meus pensamentos na pedra cinzenta e gasta

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A sobrevivência


irónico, cínico, passou ao lado do esquecimento
à idade espera-a sentada

mergulha na eternidade
bloqueado pela cor intensa
e pelo calor que arde no corpo

gestos de espanto renascem
a cada expressão no remexer das trevas

um espaço todo para olhar
uma voz pausada que ecoa
na casa crispada onde o cheiro
álcool rutila as paredes da sala vazia

longínquo, o coração mergulha
invisível ao equilíbrio da liberdade
no pavor afasta a certeza

no corpo apenas o bailado
que o coloca de pé, com a dança do vento


l. maltez

quinta-feira, agosto 25, 2005

cheguei a ti vinda de longe e contigo mantive o espaço na memória da terra que nasci

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não sabes ver ou sentir
a quietude silente

sei quem és, onde pertences

sorrio-te,
em dias de luz difusa
ou só de nevoeiro
sorrio-te,
nas noites repetidas
sem astros

reparto contigo solidão
pedaços de alegria
momentos de tristeza
...paixão

congemino definições
talvez exactas
talvez adversas
talvez por seres
um amigo confidente
talvez pelo brilho
que busco na ausência

tens o mar por companhia,
acodes os aflitos
apontas caminhos
com ciência cativa
entre os teus segredos

e dizer-te mais?
que (já) vives
no meu sorriso.

e estarás comigo,
em lembranças
entre os muros
abissais da saudade

leito vazante
para uma linha obstinada
entre o tempo e o espaço


sobejas
farol de mim!
e fio de luz
... estendido
até ao amanhecer
... naufragado
entre ilusões
em dias sem sol

e assim mesmo
a ti não hei de dizer
"adeus"


l.maltez
(e retoques do vento)

quinta-feira, agosto 18, 2005

perdida vaguei numa inocência apodrecida

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amo com palavras
abraçada a uma chaga
como se o amor fosse demência
ou doença perversa

amo entre imagens
num grito dentro de mim,
louco, agudo
e envolvente

mato espaços meus
indiferente ao querer

fecho uma a uma
as persianas do dia
embalada na sedução do desejo

um querer ilusório
à opção de uma ternura
que acaba desfigurada
pela nitidez da formula já gasta

aceito o vazio da limpidez
e grito, grito sem saber esperar

l. maltez

quarta-feira, agosto 10, 2005

um caiar com lágrimas o silêncio sobre o silêncio

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e choro!

tu não vês as minhas lágrimas, mas choro!
por uma vida perdida,
um sorriso esquecido
numa dor ressentida

sim, tu não vês as minhas lágrimas, mas choro!
com medo de perder-te
por te amar
sem tocar o teu corpo

pelo silêncio da noite
pelo mundo,
de uma onda até ao luar.

tu não vês as minhas lágrimas, mas choro!
por ser dia,
e acordar assim perdida,
de medo à solidão.

com mágoa,
deitada, mesmo acordada
no rigor do inverno frio

tu não vês as minhas lágrimas, mas choro!
por querer achar respostas,
viver no silêncio,
nas palavras dos sonhos
dentro, com a alma aflita,

choro,
choro com medo ou ternura
duma infelicidade que dura,

sim,
tu não vês as minhas lágrimas,
mas eu choro!


l.maltez

quinta-feira, agosto 04, 2005

angústia de um caminhar da alma agarrada a um corpo

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o que a alma necessita

precisa de saber caminhar no coração
ter vida, mesmo que seja simples
não se torcer em agonias
matar a fome com um olhar,
mesmo que seja cega
desejar com prazer, o corpo que a une
deixar crescer o amor,
como se fosse uma árvore
dizer não
à voz da separação,
extrair do prazer o esquecimento
saber perder-se no aroma de um corpo,
saborear carícias, seduções e miragens
esculpir o amor com a vida
precisa, sim precisa
ser tocada com um corpo

o que a alma necessita o corpo também deseja!


l. maltez

domingo, julho 24, 2005

já nada te traz de volta!

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a chuva caiu

olhei
vi cair a chuva
ocultei a solidão do tempo

os olhos
fecho-os
e
imagino a chuva
assim miudinha caindo de raiva

imagino sorrisos no teu rosto
entre o sabor de beijos molhados

abrigo-me de ti
ou
de mim nem sei

penso que renasci nesses dias vagos
como em tantos outros dias
onde pensei que morri nas noites inventadas de nada
e que o nada era teu rosto
surgindo na passagem do nevoeiro

nada mais importa

que seja chuva ou nevoeiro,
o vento ou a madrugada,

que seja a infindável noite
ou um soluço diluído em poeiras

no tempo
quero que algo te traga

l.maltez

domingo, julho 17, 2005

uma passagem revoltada sem rostos

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a noite percorreu a cidade incessante
os sons chegavam intangíveis
das pedras da calçada já desgastada

inebriada pelo vento,
arrastou-se no tempo entre cores e odores
um nome circula, lada a lado
entre a noite amortecida

condenada, com cor restringida
fecha portas aniquiladas,
mais rápida que o eterno tempo

o pavor uniu razões
num abismo apertando
loucuras inocentes, intangíveis
e minuciosas

a noite sentiu o mar saltar
entre nuvens reflectidas
em ondas atravessadas de rumores

era o subtrair de um recusado desejo.


l.maltez

quinta-feira, julho 07, 2005

foi contigo que encontrei o caminho

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não sabes ver ou sentir
no quieto silêncio

sei quem és, onde pertences

sorrio-te, em dias de luz ou nevoeiro
e nas noites repetidas sem astros

contigo partilho solidão,
alegrias de viver,
momentos de tristeza ou paixão

invento definições
certas ou adversas
és um amigo confidente,
o brilho que busco na ausência

tens o mar por companhia,
ajudas aflitos
indicas caminhos
sabes fazê-lo com ciência
entre segredos teus

queres que te diga mais?
és o meu sorriso.

estarás comigo,
em lembranças
entre os muros do abismo

obstinada linha
entre o tempo e o espaço
meu farol!

luz que ilumina o amanhecer
naufragada de ilusão
em dias sem sol


a ti não direi "adeus"


l.maltez

domingo, julho 03, 2005

acordei com o cheiro da tua manhã

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o dia amanheceu devagar
com o nascer do sol
absorvido por frígidas ilusões

um cheiro a pó,
chegava até à janela escancarada
trazido pela monotonia do vento morno
despedaçado contra o silêncio
que abraçava cidade

a cor azul brilhou
num espreguiçar sonâmbulo de um corpo
enrolado em tons de pele perdida
por entre traços
em lençóis suaves como seda

no quarto fechado a sensações
uma chave abre a porta certa
do fim de uma esperança perdida
com o beijo pousado levemente

o teu!


l.maltez

terça-feira, junho 21, 2005

beijo em tons prateados como o abraço tremeluzente da lua ao mar

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os meus lábios apenas dormem
voando no sonho
voando no caminho
rasgam-se de mim
e vão de encontro aos teus

Enchem-se de ternura e de calor
vão carregados de amor
sem paixões assolapadas e finitas
levam um desejo...

o calor do meu corpo agarrado ao teu


l.maltez

sexta-feira, junho 10, 2005

arrasto-me até ti mar e atravesso contigo os caminhos da minha vida

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a ti João Rodigues fica um agradecimento especial num beijo meu por me trazeres a tua praia até mim

uni palavras num secreto sonho perdida nas vozes do mar e em silêncio lembrei-me de ti ao acordar

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O Poema

O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas

Sua passagem se confundirá
Com o rumor do mar com o passar do vento

O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento

No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas

(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)

Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo


Sophia de Mello Breyner Andresen

sexta-feira, maio 20, 2005

tantas noites de espera no mar imenso

mulher222.jpg

mar que cortas o silêncio
nos dias que amanhecem em sobressalto


rasgas imagens do passado
que renascem numa lua fraudulenta


trazes sobressaltos cobertos de penumbra
onde as vozes são devoradas pelo tempo


olhares cansados
corpos indolentes
pálidos


e
longe do pavor
escrevo na certeza
que tudo se esvairá
no instante de largar amarras
e zarpar


malicioso mar que me atormentas



l.maltez

sábado, maio 14, 2005

um trabalho de casa que não estava habituada

livro11.jpg


Cadeia Literária :

recebi da {{coral}} um pedido para continuar esta cadeia literária.obrigada pela confiança, embora eu não seja muito dada a inquéritos vou tentar responder, desculpa ter sido tão tarde, mas o meu blog anda sempre muito atrasado



1. Não podendo sair de Fahrenheit 451, que livro quererias ser?

penso que nenhum, o que é meu é muito meu , e deixar queimar um não conseguia, não faz parte da minha maneira de ser

2. Já alguma vez ficaste apanhadinho(a) por uma personagem de ficção?
e não , é mesmo ficção, termina quando acaba

3. Qual foi o último livro que compraste?
Anjos e Demónios de Dan Brown, estou a gostar de o ler


4. Qual foi o último livro que leste?
Código Da Vinci também de Dan Brown

5. Que livros estás a ler?
Anjos e Demónios de Dan Brown, leio devagar, muito devagar, claro também de poesia A Estrada Branca de
José Tolentino Mendonça

6.Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
Certamente de poesia e escolhia alguns poetas que me preenchem como Sophia de Mello Breyner Andresen, Herberto Helder, José Tolentino Mendonça,entre outros

7. A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?

deixo ao critério de quem por aqui passar e quiser dar continuidade a esta cadeia literária


Um obrigado a ti {{coral}}, por confiares em mim em algo que me responsabiliza, afinal não foi assim tão dificil, fica um beijo meu para ti

terça-feira, maio 10, 2005

um sonho, uma espera, um momento, uma vida, um silêncio …

sapatos2.jpg

deixa o meu sonho espraiar-se
e senta-te um pouco a meu lado

deixa que adormeça no teu abraço
quando a noite avançar.

persistirei a olhar para ti
mesmo perdida em sonhos

dormindo ou acordada
serás constantemente o meu abrigo

vejo no teu olhar o horizonte
vejo o mar imenso,
solitário

sinto uma dor quase letal
e temo o silêncio duma culpa.

procuro a tua boca
os teus beijos e carícias

esta cama chama por ti
para nos reinventar num só


l.maltez

sexta-feira, abril 29, 2005

em busca de um raio de sol

numa soma de palavras
por muitas eternidades
tantas como versos
por escrever

cruel o encontro
de um tempo frágil
desprezado pela curiosidade

abandono recusado
num estado de loucura

dois22.jpg

certezas pintadas
em melodias
atravessadas pela noite
bordadas de emoção

um rigor altivo
com autenticidade
na solidez exacerbada
de um credo

um tu e um eu
banhados em raios de luz


l.maltez

segunda-feira, abril 25, 2005

no fulgor da tristeza a força da memória deu alma ao corpo

mulher12.jpg


nada me ocorre dizer
perdida na sombra
busquei um rosto
uma imagem
até uma mão
tua
estranho vazio
procurei uma saída
indiferente ao fascínio
e à vida


l.maltez

domingo, abril 24, 2005

a minha paleta de cores onde a realidade tem palavras pintadas por mim

linda.jpg

tirei a pétala branca
ao malmequer amarelo
pintei um sol verde
num céu dourado
onde nasce uma lua
envolta num véu prata
o mar ondulou
em espuma azul
onde os peixes tangerina
bailam
ao som das estrelas
e eu...
gostava de me chamar van Gogh


l.maltez

terça-feira, março 22, 2005

escuto o cantar do vento





louco o vento
no sopro vibrante da melodia


cantou agitado
bailou nas folhas outonais


sóbrio
impertinente
flutuou nos sonhos


despertou preguiçoso
no jejum do dia
saudando a branca manhã


sem peso renova-se
sem medos, sem sustos
sopra no coração

poderoso e livre
torna a doce brisa amarga


engana de frente ou pelas costas
em gritos esfumados
arrasa cruel sem se deter


quebra pela força
a beleza da vida presente



l.maltez

segunda-feira, março 21, 2005

21 de Março - por ser hoje o dia mundial da poesia, foi de ti que me lembrei com uma grande saudade

torreira9vn.jpg

Mar


Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.


E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.


Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, março 20, 2005

é em ti venho ver o que jamais se viu

gaivota.JPG


bebi-te mar
embriaguei-me de maresia.


neste corpo, a ondulação
da tua cor rara


alcancei-te sorrindo,
no soltar do dia
afixei-te na alma


a espuma rebenta
em ondas de prazer
.
queria bailar como as gaivotas



l.maltez

mergulho secretamente no segredo da existência

deep.JPG


existo
nas vozes frias

na verdade escangalhada no cruzamento de linhas

nas mãos disponíveis

nos rostos recolhidos das noites

existo

num canto inacessível

entre labirintos perigosos

nos ruídos da cidade

existo

num papel molestado e cru



l.maltez

sábado, março 12, 2005

sem me desfazer procuro escutar o silêncio

caminhando12.JPG

chego em silêncio
sinto o sol nas veias.


uma brisa lava o meu rosto
tenho sede de mar.


deito-me na areia
naquela frescura azul.


caminho em palavras
ligada ao mar e ao sol.


o dia é um vazio entre os espaços
fico indecisa e ardente.


sinto-me perdida entre os ventos
ouço vozes na penumbra desse vazio.


sei o que amo
e amo num abandono total.


sou alguém que espera,
a que pergunta e responde.


uma esperança impossível,


a que caminha no repouso
do seu próprio silêncio.
o meu.



l.maltez

quinta-feira, março 10, 2005

em silêncio entro no sonho

mulher so212.JPG


busquei
a felicidade perdida


descobria-a escondida
na perturbação da noite


senti um arrepio
na pele fria e luminosa


busquei um lugar
onde se vive sem dor
na claridade dum mar
num horizonte com estrelas


sim,
onde o silêncio fosse a saudade dos sonhos


por fim retirei-me


fui amada
e odiada
na fatalidade dos dias


e esquecida
na força da vida



l.maltez

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

guardo na alma com clareza o sonho

perdida em sonhos

deixa o meu sonho espraiar-se
e senta-te um pouco a meu lado

deixa que adormeça no teu abraço
quando a noite avançar.

persistirei a olhar para ti
mesmo perdida em sonhos

dormindo ou acordada
serás constantemente o meu abrigo

vejo no teu olhar o horizonte
vejo o mar imenso,
solitário

sinto uma dor quase letal
e temo o silêncio duma culpa.

procuro a tua boca
os teus beijos e carícias

esta cama chama por ti
para nos reinventar num só



l.maltez

terça-feira, fevereiro 08, 2005

perdido no sussurrar das suas mãos

no murmúrio de um dia cheio de rostos

morrer lentamente
encostado às manhãs frias


com cheiro pestífero de corpos humedecidos
pelos fumos das noites ardidas


os ruídos entram pelas frinchas
e raspam as paredes macilentas
do quarto tíbio


sinuosas sombras bailam no silêncio
alteradas pelo ensejo


só, assumidamente
parei na fria manhã de qualquer lugar
expulsa de saudades


o rapaz que atravessa a rua
ausente das horas leves
mergulha no tempo vazio, sem nexo
como se carregasse o peso do dia


a respiração arrasta-se
pelas esquinas
num regresso ao isolamento


uma voz embalada enegrece na manhã



l.maltez

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

  o teu sorriso no esplendor de uma suave explosão chega a mim o teu sorriso. aflui com emoção e calor, como sonhos mesclados nos en...